A teoria triangular do amor de Sternberg (1986) desenvolvida pelo
psicólogo americano Robert Sternberg, propõe que o amor é
composto por três elementos principais:
Paixão, intimidade e
comprometimento.
Segundo a teoria de Sternberg, os diferentes tipos de amor podem ser
descritos pela combinação desses três elementos.
O amor apaixonado é caracterizado por uma forte paixão, mas pode
não ter intimidade ou comprometimento.
O amor vazio é caracterizado pelo comprometimento sem paixão ou
intimidade.
Já o amor companheiro é caracterizado pela intimidade e
comprometimento, mas pode não ter tanta paixão.
Paixão
A paixão é a ampliação do desejo.
A paixão refere-se à atração física e emocional que as pessoas sentem
uma pela outra. É o sentimento que faz o coração bater mais rápido e
pode ser acompanhado por pensamentos obsessivos sobre a outra
pessoa.
Sua característica marcante é a perda total ou parcial do sendo
crítico, uma vez que as atividades cerebrais estão, em sua maioria,
voltadas para promover/ manter a conquista.
Os centros da recompensa do cérebro intensificam a produção de
dopamina, substância responsável pelo bem estar emocional, favorecendo
os comportamentos de aproximação. Nesta fase é comum que as pessoas
façam mudanças sutis ou radicais na aparência, mudem alguns hábitos ou
mesmo que fiquem mais distraídas.
Sendo assim, os apaixonados tendem a ficar desatentos, alegres demais
ou tristes demais (dependendo da forma como a conquista está
ocorrendo).
A paixão não conhece limites, prevalecendo acima de todos os demais
interesses.
Algumas pessoas, quando apaixonadas não conseguem trabalhar ou
estudar, e tendem a rompem alguns laços sociais ou
familiares.
Praticamente todos os movimentos de um indivíduo são no sentido de
buscar aproximação e aceitação do outro, de todas as formas
possíveis.
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Quando não é correspondida pela outra parte, é esperado que o
indivíduo fique frustrado, mas elabore esta frustração em curto
espaço de tempo, desde que compreenda que certas coisas na vida não
dependem só de nós, e que a outra parte tem outros interesses,
outras prioridades.
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Os sinais de uma paixão não correspondida são (na maioria das
vezes) evidentes; a outra parte emite comportamentos claros de fuga,
esquiva, substitui gentilezas por polidez, e restringe o contato ao
mínimo possível.
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Quando correspondida, a sensação de bem estar é indescritível,
porém acompanhada de ansiedade (em geral nível "hard"), pois o medo
da perda também é muito grande. Por esta razão, muitos apaixonados
vivem constantemente aflitos.
A Intimidade
A intimidade é a sensação de conexão emocional e psicológica que as
pessoas têm uma com a outra. É o compartilhamento de ideias,
pensamentos e sentimentos, além de ter a confiança de que se pode ser
vulnerável e autêntico.
É o conhecimento profundo do outro
Intimidade consiste em compreender e ser compreendido pelo outro com poucas palavras.
É a capacidade de prever o comportamento do outro, de se
antecipar às suas necessidades; é dar abertura para que o outro
lhe compreenda e se faça compreendido; é reconhecer que o outro
tem necessidades diferentes das suas e respeitar estas
diferenças;
É perceber que o outro tem momentos de fraquezas, tristeza e
alegrias próprios; enfim é reconhecer que o outro é uma outra
pessoa e respeitar sua individualidade, evitando censuras,
atitudes de controle e imposições egoístas.
Observe que não me refiro somente a intimidade erótica, pois
tirar desnudar o corpo é diferente de desnudar o coração.
Para que a intimidade verdadeira floresça é fundamental que as
pessoas estejam predispostas a conhecer o outro e dar-se a
conhecer também.
Para que a intimidade seja construída, é necessário observar o
outro, saber ouvi-lo, captar suas palavras e expressões com alguma
precisão (o que não é fácil). Isto é construído ao longo do convívio
(e não com o imediatismo que alguns supõe).
O Comprometimento
O comprometimento é a decisão consciente de manter o amor, mesmo quando
os sentimentos de paixão ou intimidade não são tão fortes quanto no
início. É a escolha de investir tempo e esforço no relacionamento, para
mantê-lo saudável e duradouro.
Estar com o outro "na alegria, na tristeza, na saúde na
doença"
Curiosamente, quando pergunto às pessoas "para que querem estar num
relacionamento?", geralmente as respostas se referem apenas ao lado
bom: querem alguém com quem possam viajar, construir uma vida social
rica, apresentar pra família, etc. Poucos incluem nas respostas que
querem alguém para cuidar e receber cuidados.
Comprometimento é isso: é a capacidade de estar junto ao outro nos
momentos mais dolorosos da vida; quando as vicissitudes são
inevitáveis; é estar disposto (a) a dar o ombro, secar lágrimas, ser
parceiro quando for possível, enfrentar situações adversas
juntos.
Em menor escala, o comprometimento também abarca o respeito pelo
tempo do outro: marcar um compromisso e deixar o (a) parceiro (a)
esperando, sem justificativa adequada, indica baixa capacidade de
comprometimento.
Vamos falar sobre amor
Amor: sentimento ou emoção?
No amor, existe uma forte tendência a apreciar a companhia do
outro como algo indispensável.
Os relacionamentos tendem a ser maduros, pois a paixão inicial
já foi superada, e os pares encontraram elementos
suficientemente bons para que pudessem se relacionar de forma
mais construtiva.
Pesquisas recentes (Fredrickson, 2013) apontam que o amor é
considerado como uma emoção.
Da mesma forma que o medo e a raiva, e não é possível senti-lo o
tempo todo, ficando sujeito às modificações do contexto.
Para a pesquisadora Barbara Fredrickson, o amor não é duradouro e sim um micromomento de conexão com
outras pessoas.
As evidências sugerem que quando você realmente tem um
‘clique’ com alguém, uma sincronia momentânea, mas
discernível, emerge entre os dois, conforme os gestos, a
bioquímica e as descargas neurais, se espelhando um no outro
em um padrão que denomino ressonância de positividade.
(Fredrickson, apud Araia, 2014).
A química do Amor
Graças a ação de substâncias como a noradrenalina, que favorece a
criação de memórias, é possível estender esta sensação de bem
estar mesmo quando a pessoa amada não
está presente.
A repetição desta sensação de prazer e bem estar produz o
sentimento de amor. Portanto, podemos considerar que o amor seja
uma emoção e um sentimento, ao mesmo tempo.
No Amor, os defeitos são tolerados como algo natural, as manias do
outro são normais, o ciúme já não é tão forte, mas a interação entre
os pares é bem mais profunda, sem a necessidade de máscaras ou
joguinhos emocionais.
Nesta fase, os indivíduos têm mais força para atravessarem juntos por
situações de adversidades, e não ficam tão receosos em perder o
parceiro, pois estão relativamente seguros que o afeto que recebem é
suficiente para garantir a aceitação da outra parte.
Portanto, o amor é um sentimento maduro, que possibilita uma relação
pacífica e duradoura.
Referências
Friedrick, Barbara. Amor 2.0: Como Nossa Emoção Suprema Afeta Tudo o Que
Sentimos, Pensamos, Fazemos e nos Tornamos. Cia Ed. Nacional,
2013.
Sternberg, R. J. (1986). A triangular theory of love.
Psychological Review, 93, 119-135
Ao entender a teoria de Sternberg, é possível perceber que o amor é um
sentimento complexo que envolve diferentes aspectos, e que cada
relacionamento é único em sua combinação desses elementos.
Cabe a cada
pessoa identificar quais são as suas necessidades e desejos em relação
ao amor, e buscar construir relacionamentos saudáveis e
satisfatórios.
A
psicóloga Maristela, que atua na área de terapia de casal, destaca a importância de
compreender a dinâmica desses três elementos no relacionamento.
Ela
ressalta que o amor não é apenas uma emoção, mas um processo que envolve
escolhas e ações diárias para manter a chama acesa.
A psicóloga também escreve diversos artigos no seu Blog de Psicologia sobre amor e relacionamentos.
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